A infância e a poética do tempo
- Ciranda do Aprender
- 18 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de mar. de 2021
Texto enviado por: Geovana da Conceição Silva

Vivemos tempos apressados onde cada minuto já tem uma atividade definida, as crianças passaram a fazer parte desta rotina, com atividades que não permitem a elas serem as grandes escutadoras que são.
Elas têm o tempo da escuta ao seu lado, sempre interessadas a nos ouvir e se envolver nas atividades que propomos, com uma predisposição inata e necessária para sua aculturação e melhor compreensão dos papéis sociais e sobre todas as coisas maravilhosas que existem no mundo, a criança está sempre aberta, alegre, disposta e curiosa.
Podemos observar que cada uma das definições de tempo apresentadas, nos convidam a refletir sobre os tempos que cercam a infância e como nós professores podemos aprender com eles.
Chronos: No tic -tac do relógio os minutos virão horas e nossa rotina na escola passa voando, quando não nos planejamos o tempo sobra/falta, mas não devemos nos tornar escravos e tratar as experiências e brincadeiras como atividades de pró-forma seguindo um cronograma rígido que não abraça as curiosidades ou as necessidades das crianças. Cada idade tem seu tempo e suas necessidades fisiológicas e cognitivas.
Aión: Intensas e sinceras em seus pensamentos e necessidades, esse é conhecido como o tempo da criança, lugar onde podem brincar e tudo se torna atemporal, alegria ou tristeza, desintendimentos são resolvidos em minutos e amizades profundas surgem nesses instantes. Devemos permitir que esses laços surjam sem interferências desnecessárias. Buscando enriquecer, nunca suprimir.
Kairós: Aproveitando as oportunidades, com currículos que abracem as maravilhas, os imprevistos, a vida que acontece é o currículo. Saber olhar as oportunidades que surgem como perguntas, observações e inspirações que as crianças tem e valorizar suas falas, para que elas se sintam vistas, ouvidas e consideradas.
Skholè: O ócio, o descanso, tempo livre, liberado das urgências cotidianas, palavras que hoje são temidas ou desestimuladas, começamos falando justamente do valor que o tempo tem, mais perceba que não sabemos mais utilizar todas as possibilidades que ele apresenta. Nos tornamos reféns e as crianças por consequência também. Raiz grega da palavra ESCOLA, onde o pensamento racional, a discussão, e a oratória são incentivados, devemos permitir que nossos pequenos tenham tempo para pensar e discutir, sem respostas prontas, sem professor que sabe tudo ou domina os questionamentos de forma autoritária.
Temos urgência em analisar melhor como utilizamos nosso tempo, e o que temos feito com os tempos da infância.
Geovana da Conceição Silva - Professora de Ed. Infantil à 10 anos. Atua na rede privada em Guaratinguetá/São Paulo. Organizadora do Perfil colaborativo Tempos da Infância.
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