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A matemática na educação infantil não é um monstro

Atualizado: 18 de jan. de 2021

A matemática surgiu da necessidade de contar e organizar as coisas, o homem primitivo tinha essa noção intuitiva e representava a quantidade de animais que possuía com pedras ou sementes, a partir daí sua evolução tornou-se constante.


Ensinar matemática é analisado como um enorme desafio, visto que os aprendentes têm um medo enraizado da disciplina, é como se fosse algo anormal ou mesmo impossível de ser compreendido, pode-se levar em consideração o fato de que desde a antiguidade, se pensarmos nos “Pitagóricos”, que aprendiam matemática numa espécie de sociedade secreta e, aqueles que não participavam eram excluídos dessa sociedade intelectual.


Com o passar do tempo tornou-se rotineiro escutar: “matemática é difícil” ou “apenas pessoas muito inteligentes conseguem”, e por causa dessas falas comumente interiorizadas observa-se um bloqueio meio que natural desse conhecimento. Os estudantes já chegam nas salas de aula tendo certeza de que não irão conseguir e devido a isso o trabalho do professor consiste em primeiro lugar desmistificar esse monstro chamado Matemática.


“Desde o momento em que a Matemática começou a tomar forma como uma área de conhecimento, ainda na era platônica e pitagórica, já estava associada a uma classe privilegiada sendo considerada uma ciência nobre, desligada dos ofícios e das atividades manuais. Recebeu status de nobreza e ainda hoje ela é tratada como tal. Mas por outro lado o ensino dessa disciplina sempre foi rodeado por muitas dificuldades e obstáculos quase intransponíveis.” (BERTI, 2005, p.98)


Agora, quando falamos da educação infantil, nossas crianças possuem uma curiosidade inata, favorecendo assim a aprendizagem e alfabetizá-las também cientificamente é algo muito gratificante. Apresentando o céu a uma criança você encontra uma gama muito grande de possibilidades, a lua e suas fases, estrelas e planetas. Olhar os dedos das mãos e explicar que o nosso sistema de numeração decimal, tem esse nome justamente porque temos dez dedos facilitando a contagem.


As crianças veem magia em tudo que aprendem e se forem ensinadas desde cedo que não existe nada que seja impossível, respeitando sim suas habilidades e especificidades, valorizando o lúdico veremos que quando chegarem a adolescência o monstro da matemática não existirá mais.

Na aprendizagem da Matemática o problema adquire um sentido muito preciso. Não se trata de situações que permitam “aplicar” o que já se sabe, mas sim daquelas que possibilitam produzir novos conhecimentos a partir dos conhecimentos que já se tem e em interação com novos desafios. (BRASIL,1998, p. 211)


Quando apresentamos a um pequenino uma situação problema envolvendo matemática ele apenas se envolve no desafio, pois não tem em mente que aquilo será complicado, eles têm noção de sequência, ordem, tamanho, o que vêm antes e depois. John Locke afirmava que o homem nasce como uma folha em branco onde registra todas suas experiências, se partirmos dessa afirmação não há o espaço para o medo.


Refletindo agora o que Paulo Freire nos dizia sobre a educação infantil podemos perceber que ele pensa na criança como “(...) seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o que ainda não sabem” (FREIRE, 2000, p.40). Analisando isso, devemos levar em consideração que nossos pequenos têm raízes e histórias diferentes e que são elas que os ajudam a construir seu conhecimento.


[...] o conhecimento matemático não se constitui em um conjunto de fatos a serem memorizados; que aprender números é mais do que contar, muito embora a contagem seja importante para a compreensão do conceito de números; que as ideias matemáticas que as crianças aprendem na Educação Infantil serão de grande em toda vida escolar e cotidiana. (SMOLE, DINIZ, CANDIDO, 2000, p. 9.)


Enfim, para que o processo de aprendizagem matemática seja associado a vida deve-se propiciar ao aprendente meios de compreender a matemática como parte integrante da vida e perceber que não importa o que façamos a matemática sempre estará envolvida.


Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um carácter dinâmico, exigindo que ações de ensino direcionem-se para que os alunos aprofundem e ampliem os significados que elaboram mediante suas participações nas atividades de ensino e aprendizagem. (SMOLE, DINIZ, CÂNDIDO, 2000, p. 10)


Em vista de todos os aspectos aqui citados, pode-se compreender que o medo é um fator relevante para o insucesso no processo de aprendizagem matemática e que esse medo é inexistente nas crianças, portanto devemos ensinar os mais velhos com alegria e desmistificando esse monstro que não existe.


Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Conhecimento de Mundo. V. 3. Brasília: MEC, 1998.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação. São Paulo: Editora Unesp, 2000.


SMOLE, K. S. DINIZ, M. I., CÂNDIDO, P. Resolução de Problemas – Vol 2.Col. Matemática de 0 a 6. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2000.


Aline de Souza Luna – Professora de Matemática, Física, Pedagogia. Pós Graduada em Estatística, Química e Astronomia



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Conteúdo excelente!

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