Refletindo Paulo Freire
- Ciranda do Aprender
- 1 de mar. de 2021
- 3 min de leitura

A leitura e reflexão sobre as obras de Paulo Freire nos introduzem num mundo tão perfeito e maravilhoso que se torna inconcebível pensar a educação de um outro modo, a articulação magnífica entre o diálogo e a necessidade de ouvir o outro versa numa conexão ímpar, demonstra que o ouvir vai muito além de se calar, mas dar ao outro a oportunidade de ser importante em se fazer falar.
“Na prática dialógica, Freire ressalta que a atitude de escuta é tão importante quanto a fala, pois o sujeito que escuta sabe que o que tem a dizer tem valor semelhante à fala dos outros. Desse modo, o saber escutar refere-se não apenas a silenciar para dar a vez à fala do outro, mas também a estar na posição de disponibilidade, de abertura às diferenças. Isso não se assemelha à aceitação incondicional, a tudo o que o outro pensa e diz, mas é o exercício da escuta sem preconceitos que possibilita a reflexão crítica e o posicionamento consciente.” Menezes, Marilia Gabriela de e Santiago, Maria Eliete.
Freire nos apresenta a importância da criatividade como um método somativo à aprendizagem, valorizando a cultura popular presente em cada um, propondo que todos somos protagonistas do universo científico em que, como professores não podemos nos acreditar superiores, mas coparticipantes nesse processo denominado ensino-aprendizagem.
A criatividade como nos afirma Ken Robinson é um processo de ter ideias originais que tenham valor, no âmbito educacional a criatividade é o critério que mais versatilidade nos oferece para aprendermos as competências e habilidades necessárias, vista como uma das competências socioemocionais de maior importância, a criatividade nos auxilia na resolução de problemas, na compreensão do outro e na troca.
O plano da educação nos possibilita um encontro com o outro, pois a aprendizagem é cerceada por pensamentos, palavras, reflexões e inovações, habilidades pautadas “na dicotomia homem-mundo”, onde é preciso partir do humano e chegar à sociedade, passando pelas concepções do eu-outro baseadas no diálogo e na compreensão.
O currículo escolar como Freire afirma em suas falas é um método autoritário de se dizer o que se deve ensinar e como fazê-lo, encaixotando, portanto, o processo criativo do professor e do estudante. Em contrapartida, ele propõe uma educação libertadora, onde homens e mulheres são vistos como conscientes e sujeitos de sua própria história, capazes de criar e recriar possibilidades.
A educação libertadora permite que tanto os estudantes quanto os professores sejam pesquisadores e críticos, conscientes de seu papel na aprendizagem, fomentando a sede do saber. “A sala de aula libertadora é exigente, e não permissiva. Exige que você pense sobre as questões, escreva sobre elas, discuta-as seriamente” (Freire; Shor, 2008, p. 25).
Enfim, refletir sobre a educação e currículo pela ótica de Paulo Freire nos remete a muitas possiblidades de propiciar aos estudantes uma educação libertadora apresentada por outros moldes e visando a aprendizagem de um modo diferenciado, visto que o diálogo é um norteador desse processo.
Referências
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005. 144 p.
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 4. ed. São Paulo: Moraes, 1980. 102 p.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008a. 158 p.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008b. 79 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 28. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003. 148 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. 184 p.
FREIRE, Paulo. The politics of education: culture, power, and liberation. Westport, CT: Bergin and Garvey, 1985. 209 p.
FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. 158 p.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. 224 p.
MINDSHIFT. Sir Ken Robinson: Creativity Is In Everything, Especially Teaching. Kqed, 2015. Disponível em: https://www.kqed.org/mindshift/40217/sirken-robinson-creativity-is-in-everythingespecially-teaching.
Aline de Souza Luna – Professora de Matemática, Física, Pedagogia. Pós Graduada em Estatística, Química e Astronomia
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