Halloween afogando o folclore brasileiro
- Ciranda do Aprender
- 31 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de nov. de 2021
“Hoje celebramos o dia do Saci-pererê uma das figuras mais emblemáticas e importantes do folclore brasileiro. Celebramos um conjunto de lendas, mitos e tradições, que estão calcados na história e na miscigenação do nosso povo. Temos história para celebrar no dia 31 de outubro. Todos nós temos uma origem, pertencemos a algum lugar, fazemos parte de uma cultura. Elementos que compõem nossa identidade nossa história. Povo sem cultura é povo sem identidade própria e de forma artificial o halloween está afogando o folclore brasileiro”. Tiago França, 2021.
Em que/quem estamos nos inspirando? A cada outubro vemos as homenagens à festa Halloween, você já parou para refletir sobre o que significa essa festa, se ela pertence à nossa cultura?
Origem: o halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve". "Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. (Página de pesquisa Google no dia 31 de outubro).
Sabemos que o Halloween é sobretudo um grande negócio nos Estados Unidos, festividade que incentiva o consumismo sem controle e cresce a cada ano. Em parques temáticos Americanos, acontecem festivais que duram dias, há tanta valorização dessa festa que a comemoração garante a movimentação do comercio gerando lucro ao Estado. O feriado que comemora o halloween, está influenciando diversos lugares do mundo, nem tanto pela valorização da cultura. Até a Inglaterra, Europa e Japão tem aderido à festividade em grande crescimento, mesmo assim a tradição continua sendo maior nos EUA.
A indústria não perde oportunidade de aproveitar as situações para fazer negócios e gerar lucro incentivando o consumo desenfreado. São muitos os incentivos que a indústria apresenta para que vejam a festa como algo cada vez mais interessante a aderir. Inclusive o cinema contribui com filmes com cenas assustadoras, com assassinatos prendendo espectadores em estado de medo, ansiedade e adrenalina. Os filmes são em sua maioria vistos por crianças e adolescentes. Esse grande negócio que é o Halloween nos afasta de nossa Cultura Popular Brasileira e incentiva o consumo do terror, é o que temos visto nas escolas de educação infantil, crianças normalizando o consumo de filmes e séries que contenham cenas de mortes e violências, no mês em que se comemora o Halloween esse consumo aumenta significativamente.
Para além de todas as reflexões que já fizemos no decorrer desse texto, podemos perceber que essa festividade aumenta ainda mais a imitação de costumes norte-americanos introduzindo uma cultura que valoriza certos países como sendo superiores.
Com toda a riqueza da sabedoria popular brasileira o Folclore nacional, diante de todas as nossas riquezas ancestrais por que ainda insistimos tanto em endeusar culturas de outros países? As escolas de idiomas ou bilingues vem trazendo a cada ano essa festividade habitualmente normalizando esse culto a cultura americana, são escolas bilingues e de idiomas com o argumento de que é para ensinar a cultura americana, e assim, entram na moda do consumismo desenfreado.
Enquanto as manifestações populares não estiverem no projeto político pedagógico das escolas, não conseguiremos proporcionar à criança o conhecimento do lugar onde vivem de forma prazerosa e motivadora. As manifestações populares nos permitem explorarmos diversos eixos da estrutura curricular (identidade, autonomia, movimento, artes visuais, música, dança, brincadeiras, gêneros textuais, folclore, música, entre outros) e a cultura de forma geral presente no cotidiano da criança. E assim, partilhar seus conhecimentos entre si, com suas famílias, demais pessoas da comunidade escolar e território.
A sabedoria popular é um dos pontos de partida para o fazer pedagógico neste contexto que busca ampliar o repertório cultural da comunidade, resgatando e preservando as tradições culturais e história de um povo. Sim, é importante vivenciar outras culturas, conhecer e prestigiar, sem dúvidas é importante. A reflexão que trazemos aqui é sobre dar o maior valor primeiramente ao que nos pertence, valorizar, conhecer e celebrar a nossa cultura popular brasileira, por meio de nossa riqueza folclórica.
E qual motivo de as escolas municipais de educação infantil e escolas municipais do ensino fundamental aqui dos municípios do Brasil insistirem nessa culturalização de festas de outras regiões do mundo e deixarem de amar e valorizar toda a nossa riqueza Cultural Brasileira?
Por: Michelle Cabral – Pedagoga, especialista Educação Infantil, Psicóloga em formação, Amante da Natureza, apaixonada e professora pelas infâncias. Idealizadora dos projetos Ciranda do Aprender e Ciranda Solidária. Autora do livro infantil Eu Brinco com as Nuvens.
e Tiago França – Pedagogo, especialista em Educação Infantil, em Arte do brincante para educadores pelo Instituto brincante, Dança e consciência corporal pela FMU, apaixonado por danças, brincadeiras folclóricas e professor pelas infâncias.
Brasil escravo de outras culturas por medo de priorizar a nossa e sair do modismo mundial.
Reflexão muito pertinente e atual! É urgente e necessário o resgate e valorização do nosso folclore, nossa cultura. Parabéns aos educadores!
Foi um imenso prazer escrever e refletir esse texto junto ao pedagogo Tiago França. Espero que a leitura do mesmo toque a cada e que de alguma maneira possa incentivar a valorização da nossa Cultura Popular Brasileira.