A pandemia e o caos para além do Corona vírus
- Ciranda do Aprender
- 27 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jan. de 2021
De uma educação que teve sua ruptura sem prévio aviso por causa de uma pandemia cruel, que se espalhou rapidamente pelo mundo todo e até hoje já matou milhares de pessoas. A tristeza está fazendo parte do nosso dia a dia ou melhor, a oscilação de sentimentos é tão imensa que fica difícil expressar como a sociedade aparenta estar seguindo.
Exigências tornam-se rotina na vida de professoras e professores de todos os níveis de ensino, aqueles que não perderam o emprego se perguntam: Como alcançar as crianças com interações online se sou professoras de Educação Infantil? Como vou saber daquelas e daqueles alunos que não sei se estão tendo acesso à internet? Como planejar ações para crianças de 0 à 3 anos? Como continuar a construir vínculos a distância? Entre outras milhares de perguntas que causam noites de insônia, dia com ansiedade ou desânimo.
Em reuniões remotas as professoras que agem completamente focadas e tranquilas são admiradas, só não sei se consigo acreditar que neste tempo excepcional alguém consiga se sentir tão bem assim, se consegue é um ser de muitas luz! Difícil dialogar, percebendo no outro a clareza de que nunca tínhamos vivido uma pandemia, outros vírus e doenças sim, mas uma pandemia, não! Cumprir horas, tarefas, falar sobre interações remotas como, se metade da população não tem acesso a internet? Sendo essa parte da população as pessoas em situações vulneráveis onde políticas públicas não chegam.
Como aponta Rosemberg, as desigualdades sociais brasileira são configuradas por duas tendências marcantes: os segmentos sociais que recebem menor renda são os que têm menor acesso aos benefícios das políticas públicas e quase nenhuma participação política; essas desigualdades são persistentes. Indicadores como esperança de vida ao nascer, acesso, permanência e sucesso na educação, disponibilidade de saneamento básico entre outros, apresentam, ao mesmo tempo, melhorias nítidas nos últimos anos para o território nacional e manutenção da mesma configuração de desigualdade. Mas com essa pandemia, tivemos graves retrocessos, e a desigualdade ficou ainda mais evidente.
E mais, a participação política em partidos, sindicatos ou organizações da sociedade civil apresenta uma forte associação com a renda e a educação da pessoa. Isso acontece porque a elite é também política no Brasil. As profissões declaradas pelos deputados federais brasileiros são justamente as ocupações de maior rendimento, o que permite supor que a grande maioria dos indivíduos que ocupam postos nas elites políticas, representadas pelos Deputados Federais, pertence às elites econômicas. Rosemberg também nos leva a refletir que, se as elites são também políticas e sociais, seu poder não se limita a sua própria riqueza de acordo com interesses particulares e de grupo, poder estende-se também ao gerenciamento da riqueza de terceiros, inclusive os fundos públicos. A desigualdade social brasileira apresenta forte associação com cor/raça, região fisiográfica de residência e idade do cidadão, as melhores rendas e os maiores benefícios sociais são apropriados pelos segmentos branco, adulto e residente no Sudeste e Sul.
Pensando nos desafios das políticas públicas sociais brasileira para combater a pobreza, constantemente apontam a ausência de integração entre os programas sociais atuais, a ausência de coordenação entre os três níveis de governo, uma precária focalização na população mais vulnerável, além das raras avaliações que têm contribuído para que as transformações aconteçam, por que as políticas sociais brasileira não tenham sido suficientes para se alcançar reduções significativas no grau de desigualdades do país. Busquemos avançar nos aspectos políticos para que seu perfil elitisado seja transformado em um perfil de grande participação da sociedade civil.
Por Michelle Cabral
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